A semiótica é a ciência
geral dos signos e da significação, mas o que vem a ser signo? De uma forma simples, podemos compreender que, signo é o núcleo ou
elemento mais simples que pode ser encontrado no meio do processo de
comunicação ou significação. Na comunicação, o emissor tem a função de passar a
mensagem para o destinatário, essa mensagem (na forma de texto ou imagem), pode
ou não ser compreendida pelo destinatário que tem por trabalho interpretar,
reagir ou rejeitar a mensagem. O signo pode ser pensado, inicialmente, como uma
espécie particular de instrumento, elaborado para funções comunicativas como,
por exemplo: uma fotografia, uma escrita, um desenho, um vídeo ou uma
ilustração.
Signo,
de modo mais técnico, é aquilo que representa
algo para alguém: é aquilo que passa uma mensagem ou uma informação de algo para
alguém e, está no lugar deste algo. Por exemplo: quando vemos uma pintura de
uma maçã, a pintura da maçã não é a maçã (enquanto coisa) e sim uma reapresentação
da maçã com o aspecto que a pintura pode representar a maçã. Uma pintura não
pode representar todos os aspectos da maçã: ela reapresenta somente o aspecto
visual e bidimensional da maçã. Outros aspectos como, o sabor, o cheiro, o
volume tátil, a textura material da maçã e outras qualidades ficam de fora da
pintura. E por mais que fosse possível haver um signo que representa o máximo
dos aspectos característicos de uma determinada maçã, ainda seria uma
representação, uma reprodução daquela maçã e não a própria maçã. Há um quadro
do pintor belga, René Magritte (1898 - 1967) que brinca com essa natureza do
signo. Veja abaixo:
Um signo é aquilo que
representa algo, em certo aspecto.
Cada linguagem representa algo de acordo com sua potencialidade de
representação. Uma fotografia representa uma maçã de forma diferente de um
vídeo, de uma ilustração, de uma escultura, etc. Uma escultura tem o potencial
de representar aspectos tridimensionais da maçã; Uma fotografia representa
muitos detalhes visuais (textura, cores, tons); Uma ilustração tem o potencial
de representar a maçã de forma imaginaria: na ilustração, uma maçã pode ser
estilizada, ou tornar-se um personagem com olhos, nariz, boca, pernas e braços
e fazer parte de uma campanha publicitária para venda de maçãs. Desse modo,
podemos concluir que um signo, além de representa algo sobre certo aspecto, também
pode acrescentar outros aspectos e produzir mensagens diversas e novos sentidos.
Essa noção é importante para quem quer se tornar um ilustrador, pois a
ilustração é um signo e, o trabalho do ilustrador consiste na representação: na
produção mensagens e sentidos por meio de imagens artísticas e digitais.
A
Ilustração como signo.
Geralmente nas mídias, temos
dois tipos predominantes de signos: o linguístico - que seria o texto escrito;
E a imagem - que pode ser uma fotografia, uma ilustração figurativa ou ilustração
abstrata.
A
escrita ou o signo linguístico, seu processo de significação (ou semiose),
ocorre por uma representação de um signo que é bem diferente da coisa a ser
representada. A ilustração figurativa, um signo icônico, seu processo
de significação (semiose) ocorre por um processo de
semelhança com a coisa que ela pretende representar, um processo lógico, quase
natural, por analogia. Por exemplo: o desenho de uma maçã (signo icônico), não
é a maçã real, mas a representação gráfica e icônica da maçã. Icônica significa
semelhante. Ao olharmos para o desenho (signo icônico) e para a referência
(imagem da fruta), que foi fonte para o desenho, perceberemos a semelhança
visual entre ambos, de modo que, não faremos esforço para reconhecer a
semelhança e assumir a ideia da maçã representada no desenho. Diferentemente
seria se olharmos para a palavra escrita “maçã” e a fruta, onde veremos que não
há semelhança alguma entre o signo verbal “maçã” e a fruta. Veja abaixo:
A icônicidade da imagem pode ser variada, e ir desde a
fidelidade realística vista na fotografia e nos retratos realistas da pintura
clássica, até a sugestão de uma semelhança nos desenhos estilizados:
caricatura, retrato impressionista ou mesmo nos efeitos de deformação feito por
um software numa fotografia. (Bordenave,1986, p.40). Abaixo vemos que a
representação icônica de um rosto pode ser mais para o lado realista ou para o
lado cartunizado ou linear:
O trabalho de estilização, não só produz um
aspecto visual diferente, mas também, produz diferentes significados. Por
exemplo: uma ilustração realista pode conotar mais seriedade, enquanto uma
ilustração cartunizada, conota ludicidade. Desse modo, ela pode ser utilizada
para atingir objetivos comunicacionais específicos e públicos distintos.
Vimos que a ilustração é um signo, isto implica
dizer que ela é um tipo de texto, que temos, como ilustrador profissional,
aprender a produzir, ler, interpretar esse tipo de texto icônico. É o que
veremos no próximo tema: leitura e analise de imagens.
Referencia bibliográfica:
BOADERNAVE,
Juan E. Diaz. Além dos meios e mensagens - Introdução á comunicação processo,
tecnologia, sistema e ciência. Rio de Janeiro: Vozes, 1986.
JOLY, Martine. Introdução á Analise da Imagem.
São Paulo: Papirus, 2008.
PERUZZOLO, Adair Caetano. Elementos de
Semiótica da Comunicação - quando aprender é fazer. São Paulo: EDUSC, 2004.
VOLLI, Ugo. Manual de Semiótica. São Paulo: Edições Loyola, 200
Por: Marcio Ferreira de Araujo Miyazato é professor da Formação Profissional de Ilustração na Fundação Bradesco - Osasco.